Nos anos 70, 80, anos loucos, em que quis devorar tudo, como uma faminta numa caverna há séculos, sobretudo, livros, politica, cinema, ciência e teatro. Ah o Teatro! Não perdia a Comuna, o Teatro Aberto, a Cornucópia, o Bando, a Barraca e outros. Foi no Teatro Aberto e na Cornucópia, que conheci a obra de Bertolt Brecht, épico, irónico, sarcástico, que interagia com o espetador e com grandes canções compostas por Kurt Weill. Lembro-me de algumas peças , como “O Círculo de Giz Caucasiano”, Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny, A Ópera dos Três Vinténs, A Exceção e a Regra, Mãe Coragem e Seus Filhos, Schweik na Segunda Guerra Mundial. Adoro o Teatro, o melhor espelho de nós e da sociedade, a grande arte de representar, pois que ao vivo, sem rede. É totalmente diferente vê-lo numa sala ou em ecrã, absolutamente. Um vez estava eu no Teatro São Luiz, já não me lembro a peça, sentada na 1ª fila, e atrás de mim havia um burburinho de vozes durante o espetáculo. Estava a atuar nesse momento, o genial ator Mário Viegas, que, sem deixar de representar, desceu do palco e parou junto à fila do zunzum, até voltar o silêncio, ao que retornou ao palco, sem a mínima alteração do seu papel, e lá continuou.




“Mack the Knife” foi escrita por Bertolt Brecht, composta por Kurt Weill e interpretada aqui por Lotte Lenya, sua mulher, e Louis Armstrong, 1955