Em Junho, celebra-se o solstício de Verão, as festas da fertilidade, dos Santos, António, João e Pedro, com as marchas e as folias, as fogueiras e as sardinhas.
Aqui vai uma canção em tom de marcha popular, (o mesmo titulo do meu blogue), nomeando algumas freguesias e zonas de Lisboa (a negrito), no tom provocador e irónico, de José Mário Branco, saudoso e meu muito querido cantor de intervenção e de inquietações. Nunca perdi um único concerto dele em Lisboa, nos anos 80 e 90, e o mais inesquecível, pelo seu tema actual ainda e a sua interpretação arrepiante, foi o “FMI“, um monólogo com cerca de vinte minutos, no Teatro Aberto, em 1982.
A jeito de curiosidade, há quem o considere, o precursor do hip–hop em Portugal.
A minha homenagem ao excelente músico, cantor, compositor, arranjador, produtor musical, militante, tendo composto, também, para várias peças de teatro.
«Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto.». Dito no fim do Espetáculo “FMI”.
“Qual é a tua, ó meu?”
Vinyl, 7″, Single, 1982, editora Edisom, Lda.
Letra de José Mário Branco e Manuela de Freitas, música de José Mário Branco.
Qual é a tua, ó meu? Andares a dizer "quem manda aqui sou eu"? Qual é a tua, ó meu? Nesse peditório o pessoal já deu. Qual é a tua, ó meu? Andares a dizer "quem manda aqui sou eu"? Qual é a tua, ó meu? Nesse peditório o pessoal já deu. Com trinta por uma linha Esburacaste a Liberdade E a Alegria É só puxar a Pontinha Cai o Carmo e a Trindade No mesmo dia Com tanta Ladra no mundo O teu Rato andava à caça dos Sapadores Quanto mais a dor Dafundo Menos a gente acha Graça Aos ditadores Qual é a tua, ó meu? Andares a dizer "quem manda aqui sou eu"? Tira a mão da popeline Qual é a tua, ó meu? Nesse peditório o pessoal já deu. Qual é a tua, ó meu? Andares a dizer "quem manda aqui sou eu"? Qual é a tua, ó meu? Nesse peditório o pessoal já deu. O Intendente semeou O Desterro e o Calvário Sem nenhum dó Mas Santa Justa acordou Porque a Voz do Operário Não Fala-Só Pedes Ajuda e Mercês Mas só Palhavã vais pondo No nosso prato Engarrafa-se o Marquês E cai o Conde Redondo Mais o Beato Ouvistes pá ? Qual é a tua, ó meu? Andares a dizer "quem manda aqui sou eu"? Qual é a tua, ó meu? Nesse peditório o pessoal já deu. Vamos embora! Qual é a tua, ó meu? Andares a dizer "quem manda aqui sou eu"? Vai um tirinho ó colega ? Qual é a tua, ó meu? Nesse peditório o pessoal já deu. Sem Socorro, ardeu-te a tenda E tu ficas Entrecampos A ver se escapas Até choras! Mas como não tens Emenda Vais com Baixa de sarampo Para a Buraca Não é possível meter Águas Livres numa Bica, Como tu queres Quem pensa assim, podes crer, Campo Grande onde Benfica É nos Prazeres Tás a ouvir ó ... Qual é a tua, ó meu? Andares a dizer "quem manda aqui sou eu"? Qual é a tua, ó meu? Nesse peditório o pessoal já deu. Tira a mão da fruta! Qual é a tua, ó meu? Andares a dizer "quem manda aqui sou eu"? Qual é a tua, ó meu? Nesse peditório o pessoal já deu. Nesse peditório o pessoal já deu. Nesse peditório o pessoal já deu. Confere