Carlos Gardel
O Tango é o reflexo da sociedade Argentina, na época das grandes emigrações, por motivos económicos ou políticos, nos sec XIX e XX, inicialmente europeus, italianos, espanhóis, portugueses, alemães, franceses, e depois também do continente americano.
Foi na sua origem, uma dança muito sensual, não cantada, em prostíbulos. Era dançada por homens, pensa-se que devido, aos emigrantes terem vindo na sua maior parte, só homens, justificando também, a grande existência de casas de prostituição, principalmente nos subúrbios de Buenos Aires.
O lindíssimo Tango “El Día que Me Quieras“, composto por Gardel e letra de Alfredo Le Pera, gravada em Nova Iorque, em 1934. Esta é uma cena do filme, com o mesmo nome, realizado por John Reinhardt, em 1935.
Para ver o filme completo “The day that you love me”
Astor Piazzolla
Carlos Gardel, foi uma preciosidade que fez parte da minha infância, e até agora, pela influência da família de minha mãe, que lá residia, e que frequentemente nos visitava. Eram fervorosos admiradores de Gardel, e quando surgiu o “Novo Tango“, nos anos 60, 70, principalmente com a obra “Libertango“, de Astor Piazzolla, foi um escândalo quase geral: estão assassinando o tango!
O sucesso e a controvérsia, desta nova abordagem do tango,com novos ritmos, melodia e arranjos, perdurou por algum tempo.
De formação clássica e influência do jazz nova-iorquino, Astor Piazzolla, afirmou-se irrefutavelmente, como um grande compositor, arranjador e instrumentista de bandoneón, instrumento de uma grande complexidade, dificuldade, classificando a sua música, como música contemporânea de Buenos Aires.
A maior parte da minha família em Buenos Aires, recusou teimosamente aceitar a sua música como tango, e Carlos Gardel, será sempre o seu expoente máximo.
O que é curioso é que os dois, Gardel e Piazzolla, contracenaram juntos em Nova Iorque, nesse filme “El Día Que Me Qieras”, tendo Piazzolla apenas 14 anos. Gardel ficou tão impressionado com o talento de Piazzolla, que o convidou para participar na digressão com ele, por alguns países da América latina. A não autorização dos seus pais, salvou-lhe a vida.. Gardel acabaria por falecer nessa digressão, no voo para Medellín (Colômbia), dia 24 de junho de 1935.
Eu admiro imenso os dois, Gardel, pela sua voz e expressividade únicas, Piazzolla, como um grande compositor clássico, que vai do barroco ao tango, passando pelo jazz, e claro pela sua grande maestria no bandoneón .
Segundo Jorge Luís Borges, o tango é “chorão e melodramático” e “é, no início, uma dança corajosa e feliz. E depois o tango vai languidescendo e se entristecendo”. Mas Piazzolla e Borges, criaram juntos um album de tangos e milongas, chamado “El Tango”, em 1965.
Oiçam esta maravilha, “Adiós Nonino”, feita em homenagem ao seu pai, quando este estava no leito de morte, em 1959. A dor pungente, a tristeza sofrida nos acordes do bandoneón. Seria editado em 1969.
Eladia Blázquez, uma da maiores compositoras, cantoras e autoras de Tango, escreveu um poema para Adiós Nonino (aceite por Piazzolla). Oiçam-na aqui.
Adiós Nonino, por Eladia Blázquez
Desde una estrella al titilar... Me hará señales de acudir, por una luz de eternidad cuando me llame, voy a ir. A preguntarle, por ese niño que con su muerte, lo perdíiacute;, que con "Nonino" se me fue... Cuando me diga, ven aquí... Renacereacute;... Porque... Soy...! la raíz, del país que amasó con su arcilla. Soy...! Sangre y piel, del "tano" aquel, que me dio su semilla. Adiós "Nonino".. que largo sin vos, será el camino. Dolor, tristeza, la mesa y el pan...! Y mi adiós.. Ay! Mi adiós, a tu amor, tu tabaco, tu vino. Quién..? Sin piedad, me robó la mitad, al llevarte "Nonino"... Tal vez un día, yo también mirando atrás... Como vos, diga adiós No va más..! Y hoy mi viejo "Nonino" es una planta. Es la luz, es el viento y es el río... Este torrente mío lo suplanta, prolongando en mi ser, su desafío. Me sucedo en su sangre, lo adivino. Y presiento en mi voz, su propio eco. Esta voz que una vez, me sonó a hueco cuando le dije adiós Adiós "Nonino". Soy...! La raíz, del país que amasó con su arcilla... Soy...! Sangre y piel, del "tano" aquel, que me dio su semilla. Adiós "Nonino"... Dejaste tu sol, en mi destino. Tu ardor sin miedo, tu credo de amor. Y ese afán...Ay...! Tu afán por sembrar de esperanza el camino. Soy tu panal y esta gota de sal, que hoy te llora "Nonino". Tal vez el día que se corte mi piolín, te veré y sabré... Que no hay fin
Astor Piazzolla & Gerry Mulligan – Years of Solitude – Italy 74
Em 1982, Piazzolla, escrevia “O Grande Tango” para o violoncelista Mstislav Rostropovitch, originalmente para violoncelo e piano. Foi estreado só em 1990, em New Orleans.
Referências :
Astor Piazzolla: 100 anos do bandeonista que revolucionou o tango
do tango ao nuevo tango de Astor Piazzolla
Piazzolla eterno: los laberintos de un bandoneón, a cien años de su nacimiento