Não é o Romance «O Amor nos Tempos de Cólera» de Gabriel García Márquez.
É o Amor nos Tempos da Cólera, leia-se, da Guerra.
E, parafraseando,
Glória à Ucrânia!
ESPERA-ME, poema de Konstantin Simonov (1915-1979), poeta, escritor e dramaturgo russo
Espera-me. Até quando, não sei. Um dia, voltarei. Espera-me pelas manhãs vazias, nas tardes longas e nas noites frias, e, outra vez, quando o calor voltar. Ai, nunca deixes de me esperar! Espera-me, ainda que, aos portais, as minhas cartas já não cheguem mais. Ainda que o Ontem seja esquecido e o Amanhã já não tiver sentido. Espera-me depois que, no meu lar, todos se cansem de me esperar. Até que o meu cachorro e o meu jardim não mais estejam a esperar por mim! Espera-me. Até quando, não sei. Um dia, voltarei. Não dês ouvidos nunca, por favor, àqueles que te dizem que o amor não poderá os mortos reviver e que é chegado o tempo de esquecer. Espera-me, ainda que os meus pais acreditem que eu não existo mais. Deixa que o meu irmão e o meu amigo lembrem que, um dia, brincaram comigo e, sentados em frente da lareira, suponham que acabou a brincadeira… Deixa-os beberem seus vinhos amargos e, magoados, sombrios, em gestos largos, falarem de Heroísmo ou de Glória, erguendo vivas à minha memória. Espera-me tranquila, sem sofrer. Não te sentes, também, para beber! Espera-me. Até quando, não sei. Um dia, voltarei. Esperando-me, tu serás mais forte; sendo esperado, eu vencerei a morte. Sei que aqueles que não me esperaram – que gastaram o amor e não amaram – suspirando, talvez digam de mim: “Pobre soldado! Foi melhor assim!” esses, que nada sabem esperar, não poderão jamais imaginar que das chamas eternas me salvaste simplesmente porque me esperaste! Só nós dois sabemos o sentido de alguém poder morrer sem ter morrido! Foi porque tu, puríssima criança, tu me esperaste além da esperança, para aquilo que eu fui e ainda sou, como nunca, ninguém, me esperou! Tradução de Hélio do Soveral, poema em bancodapoesia.org
Esperança e futuro! 👍
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